A neurolinguística estuda a relação entre o cérebro e a linguagem, fundamental no desenvolvimento infantil. O assunto é abrangente e gostaríamos de abordar dois aspectos: o cérebro bilíngue segundo a neurolinguística e, o hábito de reclamar.
Vale lembrar que nossos artigos são leves pinceladas, que visam despertar o interesse e chamar a atenção para temas importantes, para que vocês possam ir buscar mais informações.
A Neurolinguística
Existe uma relação profunda entre o cérebro e a linguagem, seja ela verbal ou não verbal. A neurolinguística nos ajuda a entender como o cérebro assimila sons, palavras e estruturas gramaticais, facilitando também o diagnóstico e intervenções precoces de transtornos e distúrbios.
O cérebro é um órgão incrível, com alta plasticidade e capaz de criar conexões neurais. E, para o aprimoramento da aprendizagem, a neurolinguística contribui para desenvolver métodos educacionais mais eficazes, respeitando o ritmo e estilo de cada criança, com uma melhor adaptação social e emocional. Para tanto, é importante que a criança conte com profissionais e educadores que saibam aplicar os estímulos corretos para potencializar suas habilidades.
Ofélia García é uma acadêmica renomada, conhecida por suas contribuições no campo do bilinguismo, assim como por desenvolver o conceito de translanguaging - que descreve as práticas linguísticas dinâmicas dos bilíngues, onde elementos de duas ou mais línguas são utilizados de forma espontânea e integrada, desafiando a visão tradicional de que as línguas funcionam como sistemas separados.
Essa perspectiva influencia estudos linguísticos, sugerindo que as pessoas bilíngues tenham uma organização cerebral distinta das demais, evidência que se baseia em estudos de perda de habilidades de linguagem como resultado de um dano cerebral.
Ofélia menciona ainda que alguns estudiosos identificaram mais atividade cerebral no lado direito do cérebro durante o processamento da linguagem em pessoas bilingues e, que o cérebro bilingue poderia estar lateralizado de forma distinta, além de, definitivamente, os cérebros bilingues não serem a soma de dois cérebros monolíngues.
Ela diz ainda que a transferência entre as línguas se dá em duas mãos, multidirecional e recursiva. E, que a primeira língua não precisa estar completamente desenvolvida para que a segunda seja introduzida. Ela insiste em que a transferência não acontece automaticamente, que a exposição adequada às línguas fará com que isso ocorra gradual e naturalmente.
Daí a importância de entender o que é o bilinguismo, diferente de aprender dois idiomas. Se você tem interesse em se aprofundar neste assunto, vale a leitura do livro de Ofélia Garcia, Educação Bilíngue no século XXI.
O Hábito de Reclamar
A neurociência oferece dados interessantes sobre o hábito de reclamar, destacando os impactos no cérebro e nas relações sociais. Reclamar não é apenas um comportamento, mas pode ser um padrão enraizado, com efeitos no funcionamento cerebral.
A plasticidade do cérebro, mencionada acima, é fascinante; ele é altamente adaptável. Porém, necessita de atenção! Se insistimos em reclamar, reforçamos conexões neuronais associadas a este comportamento e, ele vai se tornando cada vez mais natural e frequente.
Reclamar também ativa o sistema límbico, em especial a amígdala, que está associada ao estresse. Portanto, durante a reclamação, o cérebro pode liberar cortisol, trazendo consequências como aumento de pressão arterial, enfraquecimento do sistema imunológico, ansiedade, entre outros.
Além disso, este comportamento pode gerar um “contágio” nos grupos sociais, criando um ciclo coletivo de negatividade. O ideal é reverter este comportamento cerebral tentando pensar nas soluções, ter a intenção de identificar os problemas e agir para resolvê-los, o que ativa circuitos relacionados à criatividade e ao pensamento.
Mas como falamos anteriormente, o cérebro pode sempre ser reprogramado. Focar em coisas positivas ativa áreas do cérebro relacionadas ao prazer e ao bem-estar, como o córtex pré-frontal. Mudar a narrativa, participar de práticas de bem-estar, como meditação, podem fortalecer caminhos mais positivos.
Deixamos uma sugestão de livro do neurocientista Dr. Joe Dispenza, Quebrando o Hábito de Ser Você Mesmo, onde se explora como pensamentos e emoções moldam nosso cérebro.
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